Tamo junto, Neanderthal!

Tamo junto, Neanderthal!

Publicado em: 06 / 12 / 2015


Você é uma pessoa ciumenta? Uhmmm...rapidinho se endireitou na cadeira para afirmar - peremptoriamente - que não, certo? Mentira!

Você é ciumento(a), sim! E sabe por quê? Porque todos somos! É uma característica inerente aos seres humanos, a Ciência já provou!

Você vai ficar boquiaberto(a) com a informação a seguir, mas a verdade é que o ciúme é fundamental. Calma, vamos devagar, não se trata de salvo-conduto para sair por aí tirando satisfações com amores e amizades. É que, de acordo com inúmeras pesquisas feitas ao longo dos tempos, o tal do sentimento "monstro de olhos verdes" tem funções básicas e simples...desde os nossos ancestrais: preservar o parceiro, afastar rivais e manter o companheiro fiel sexual, emocional e financeiramente.

Viu? Pode admitir, sem se envergonhar.Você não está sozinho(a) nessa. O homem das cavernas já era ciumento.

Mas por que "monstro de olhos verdes"? Trata-se da tradução de uma expressão inglesa ("green-eyed monster", descrita por Shakespeare em Otelo) muito usada para identificar ciumentos. Fala sério, tem representação melhor? Não, né?  Assim que experimentamos a "emoção ciúme", aos olhos de outrem podemos, mesmo, parecer um monstro de olhos verdes, e pior, desgovernado.

Ninguém sabe o que uma pessoa tomada pelo ciúme pode fazer, mas a Neurociência identificou quais circuitos cerebrais são ativados naquele momento exato em que ao(s) alvo(s) do(a) ciumento(a) só resta correr gritando "salve-se quem puder".

Pesquisa publicada na revista Science revelou que sentir ciúme acelera o funcionamento do córtex anterior cingulado (CAC), mesma área que fica mais ativa quando sentimos... dores físicas. Opa! Bingo! Quem disse mesmo que dor de coração partido é frescura?

Hideko Takahashi, líder da pesquisa - realizada pelo Instituto Nacional de Ciências Radiológicas do Japão - acaba com qualquer dúvida que ainda possa pairar a respeito: "o ciúme é, de fato, uma emoção dolorosa".

E quando se fala em dor, rapidamente a Ciência e a Medicina passam a se esforçar - por meio de inúmeros estudos - para eliminá-la. Mas será que seria possível criar um remédio (ou tratamento) que combatesse o ciúme? Quem estuda o assunto afirma que sim, que veremos chegar o dia em que uma singela pílula vai evitar que fiquemos loucos da vida ao presenciarmos um amigo querido demonstrando "amizade demais da conta" por outro alguém, que nem conhecemos, mas já julgamos e queremos tirar da frente.

Produzir tal medicamento não será fácil, encontrar o composto mais indicado para fabricar tal droga será como encontrar agulha em um palheiro. São muitas as etapas a serem percorridas por um novo medicamento até que este possa ser comercializado e, antes de qualquer coisa, no caso em questão, é preciso que a Ciência consiga identificar qual é o exato mecanismo neuroquímico por trás do "sentimento monstro de olhos verdes". Admitamos, isso ainda deve levar alguns anos.

De 12 a 15, para sermos mais exatos.

Esta é a prospecção dos cientistas: que em algum ponto entre 2027 e 2030 - e depois de consumir até US$ 800 milhões em pesquisas - teremos à disposição, enfim, nas farmácias do mundo, o remedinho milagroso que vai sossegar nossa fera interna.
 
Será mesmo? Aguardemos. A única certeza que podemos ter hoje é de que tal medicamento deverá ser da turma dos "tarja preta".

Enquanto ele não vem, façamos - diariamente - o exercício de domesticar nosso "monstro de olhos verdes" particular. E ao vermos um amigo muito querido (ou, no caso de enlevados, o motivo da paixão) dando "atenção demais" para aquela periguete ou para aquele folgado, não fiquemos emburrados e nem tenhamos vontade de esganar o objeto do ciúme.

Ou não.

Afinal de contas, se o homem das cavernas já sentia ciúme porque a gente não pode sentir também, não é mesmo?

tamojuntoneanderthal


[Fonte: Revista Galileu] 



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